O novo Macbook Pro (Touch Bar) – ou a falta de padrão atual na Apple

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Sou analista de formação e faço análises (duh) e por não deixa-las registradas, acabam passando batido e não consigo mostrar no futuro os pontos que trouxe na análise feita. Uns 5, 6 anos atrás fiz uma análise que a plataforma RISC voltaria a dominar o mercado sob o manto dos processadores ARM e que eles iriam até migrar para os notebooks. Não fiz um texto disso, fiz tuítes. A conta onde foram feitos os tuítes não existe mais. É uma lembrança só minha que eu previ isso. Desde que disse isso Intel tentou emplacar processadores em smartphones, não foi bem sucedida e agora vai licenciar a produção de processadores ARM e dizem que ela pode levar esses processadores para Macbooks no futuro. Análise. Falta de registro. Eu.

Bom, após uns dias de maturação de (mais) uma keynote sem graça da Apple (sendo sincero, são raras as que empolgam no mercado inteiro, mesmo com produtos bons, saudades Steve Jobs) ficaram três pontos distintos do novo Macbook Pro: inovação, tendências e falta de padrão da Apple.

Inovação (digam oi Touch Bar e Thunderbolt USB-C!)

Começo dizendo que a ideia do Touch Bar é a melhor implementação de touchscreen para um notebook sem o uso da tela, com múltiplas funções e de forma que REALMENTE será utilizado desde que pensaram em notebooks touchscreen ou com canetas (não coloco no mesmo grupo notebooks que viram tablets por motivos óbvios)

Quem tem ou teve notebook com touchscreen realmente não usa a função, porque suja a tela, pelo sistema operacional não se comportar bem com o toque dos dedos (ainda em 2016, mesmo com Windows 8, 8.1, 10), pelo desconforto de levantar os braços toda hora. O uso é esporádico muitas vezes que acontece na verdade de forma acidental, vamos ser bem francos. A tela touchscreen é nitidamente aquela ideia que parece ótima mas que na prática não é tão boa assim.

O Touch Bar não mexe na ergonomia da utilização, aproveita uma zona morta que a grande maioria das pessoas não utiliza (principalmente no Windows, conheço pessoas que ficam anos sem utilizar as teclas de função, nem um mísero F4 que é uma tecla popular, em conjunto com a tecla ALT, como por exemplo ALT+F4, mas NÃO TESTE AGORA!) e diversos aplicativos tem barras que ocupam espaço da tela que poderiam ocupar muito bem essa área da Touch Bar, ficando mais próxima da mão do usuário.

As demonstrações de programas como Photoshop, o de áudio e mesmo o Safari foram realmente empolgantes, mostraram que desenvolvedores tem um mundo novo de possibilidades pela frente para dar espaço na tela e deixar mais proximo das mãos comandos mais utilizados, sem limitações de tamanho de teclas, sem limitações de cores, de fabricante de teclado, de nada. Integrado ao hardware do equipamento.

A chance do Touch Bar crescer, assim como o Touch Pad é gigantesca, mas acho pouco provável que num primeiro momento ele substitua as teclas.

Sobre as portas Thunderbolts USB-C com 40Gbps de velocidade, com capacidade de alimentação e uso de uma infinidade de periféricos, tipos de interface, era impensável a alguns anos. Precisamos só lembrar que essa taxa de dados é possível apenas em 50cm, mais que isso cai para 20Gbps (1mt ou 2mt). É um padrão em crescimento tão vertiginoso que é mais rápido que o padrão Ethernet 802.3, que em cabo CAT7, também metálico, só é capaz de trafegar até hoje 10Gbps (com diversas limitações de distância, inclusive, no caso 10mt, poucos switches disponíveis, etc).

Tendência (Touch Bar e USB-C se espalhando por aí)

É inegável como a Apple dita tendências. Dá pra citar um grande número de itens removidos e adicionados em que ela foi ou pioneira ou a maior divulgadora e com o Touch Bar podemos dizer a mesma coisa. A chance de em um ano encontrarmos um notebook Samsung ou Asus algo similar a Touch Bar é muito grande. Muito grande mesmo. Esse é o campo em que a Apple é mais Apple.

Falta de padrão na Apple (Steve Jobs estaria revirando no túmulo, caso tivesse sido?)

Juro que não me entra na cabeça como é lançado um iPhone 7 sem conector de 3,5mm de audio e dois meses depois o novo Macbook Pro não vem com conector lightning para usar o fone que veio com o iPhone, ou sem conector nenhum, morte ao analógico, diriam, ou, de forma mais sensata, por que o iPhone não usa USB-C e assim seu fone seria USB-C e usaria qualquer uma das quatro portas do Macbook Pro?

A Apple está deixando o equipamento mais leve mas a mochila mais poluída de cabos e acessórios e isso não faz o menor sentido.

Entendo que cada vez menos precisamos conectar as coisas fisicamente, estamos usando redes wireless e nuvem, entendo que tecnologias ultrapassadas devem ser superadas e principalmente, quando se prega um ECOSSISTEMA ele tem que ter coerência.

A Apple está refletindo seus momentos sem Jobs, onde cada setor criava seu feudo e não havia o elo que fazia o ecossistema ter coerência, era para John Ive estar fazendo isso, mas ou ele não tem esses poderes ou não está se fazendo forte o suficiente para isso. Está faltando insanidade para por ordem.

Palpites e tendências, antes do evento da Apple

Eu, Boni, sou apreciador dos produtos Apple. Gosto muito da ideia de produto fechado (hardware e software) e da ideia de ecossistema: hardware, software, apps, app store, desenvolvedores, acessórios. A Apple fez isso como ninguém e quem tá chegando perto nessa filosofia (e com produtos que realmente são páreos) é o Google, com o Android, linha Nexus mais precisamente. E numa velocidade absurda.

O iPhone é de 2007. Até o próximo iPhone, no caso ao que tudo indica, iPhone 5S, foram 6 anos de desenvolvimento, maturação, acertos, erros. A Google fez o mesmo em metade do tempo. O que é bom para a Apple, oxigenou e garantiu uma não acomodação.

Sobre o evento de hoje, os palpites:

– iPhone 5S – Mesma carcaça, processador melhor, câmera melhor, inclusive com o dual flash. Até aí nada demais na evolução de produtos. Neste tic-tac que a Apple faz. O que surpreende: leitor biométrico, NFC e cor champagne.

  • Leitor biométrico: adiciona uma camada de segurança, um ponto fraco que o iPhone tinha perante os Androids.
  • NFC: mostra se tornou o padrão de transmissão por aproximação dominante.
  • Cor champagne: para atacar os mercados asiáticos e árabes: o preto e o branco não são muito bem vistos por lá (simbolizam morte) e essas regiões são as maiores consumidoras de cases douradas.

– iPhone 5C – Um iPhone de baixo custo para países emergentes, num primeiro momento, para muitos analistas. Com corpo de policarbonato (plástico) e com processador do iPhone 4 ou 4S. Eu vejo mais como o substituto dos iPod Touch a médio prazo. Hoje em dia é difícil um adolescente ter, como há 6 anos atras, um iPod para as músicas e um celular barato para ligações. É um mercado grande, influente, que consome jogos e internet…

– IOS7 – Acho que hoje será lançado a versão GM (Gold Master) com os ícones já padronizados e adequados. Em duas semanas sai a versão final. Não esqueçam de atualizar todas as apps antes de atualizar para o IOS7, várias apps informam isso, que a atualização para o IOS7 sem atualizar o app antes no IOS6 vai provocar uma perda de dados.

– A partir deste evento só terão a venda produtos com conectores lightning

– Provavelmente teremos uma atualização de AppleTV

Baseado nos artigos lidos e o que achei plausível e o que acho do mercado.

 

Abaixo, após a apresentação, colocarei o que eu acertei e o que errei.

[[Apresentação]]

Cheguei perto mas vamos combinar, a Apple não faz tanto mistério como antigamente 😛

– iPhone 5S – Cheguei perto, não veio com NFC, o que é uma pena, veio a cor Champagne (per brindare un incontro), o leitor biométrico e a surpreendente câmera com 5 lentes e Slo-Mo de 120 fps. O processador com 2x mais processamento que o do iPhone 5 e 40X mais processamento que o primeiro iPhone, e com 64bits, também impressiona muito.

– iPhone 5C – Tecnicamente praticamente o que esperava, o preço, esperava que fosse $100 a menos. A capinha de silicone não conta como novidade 😛

– IOS7 – Chega dia 18/09, vamos aguardar!

Os erros do Fora do Eixo/Mídia Ninja podem ser acertos se bem administrados e com transparência

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Apareceu na internet diversos textos e foi discutido muito essa semana os grupos (ou coletivos como gostam de ser chamados) Fora do Eixo (FdE) e Mídia Ninja (MN), esses grupos, um gerado pelo outro (FdE -> MN), depois que os porta-vozes dos grupos, os criadores Pablo Capilé e Bruno Torturrada, foram entrevistados no Roda Viva, sendo esta entrevista motivada pela cobertura dos protestos de junho e julho pelo MN.

Até o Roda Viva, não era muito claro para boa parte das pessoas, inclusive a mim, a formação da MN, qual o posicionamento político, a linha jornalística, nem como era financiado esse grupo. Pra dizer a verdade, na própria entrevista, conduzida por uma maioria composta de jornalistas da grande mídia mais preocupados com o financiamento do grupo do que como pode ser aproveitado do método jornalístico do MN pela mídia em si (isso fica evidente por o grupo se considerar independente, e isso é garantido pela origem do dinheiro – na linha de raciocínio deles -, e o MN julga a grande mídia parcial e vendida – para os grupos que financiam -, por esse motivo). Claro que o financiamento é importante, tanto que em depoimentos na internet ficou mais claro de como ele é provido, mas a presença nas manifestações, a transmissão por 3G/4G, por exemplo, que não foi considerado em boa parte da entrevista.

Não vou me estender no que foi falado em diversos textos que apareceram na internet, até para não deixar esse texto mais longo e prolixo, como a maioria, mas vou expor os pontos que eles pecam/pecaram pra demonstrar que bem organizado é possível um grupo ser independente, com um jornalismo competente e criando uma rede parecida com o do Mídia Ninja com uma estrutura melhorada do Fora do Eixo.

Método jornalístico: o uso de redes 3G/4G para o streaming é muito interessante, de dentro da manifestação, ouvindo os manifestantes, mas falta o polimento e o tratamento de imagens, condução, entre outros pontos, para não transformar a transmissão em algo caótico. Transmitir de forma bruta é o que qualquer pessoa provida de smartphone e 3G/4G pode fazer, a diferença é a informação ter o trato jornalístico. Assim é necessário que haja um switcher que junte as imagens em tempo real, possibilitando a adequada condução dos fatos, amenizando os calores de quem está muito próximo cobrindo os fatos, tendendo para um lado ou outro. Assim o condutor do switcher pode dosar os lados apresentados para ter um equilíbrio e justiça na informação transmitida.

Outro ponto importante são as matérias após as transmissões ou quando não há o que transmitir, falta ao grupo uma abordagem que inclua recursos da mídia tradicional, como crônicas, opiniões, editoriais.

Financiamento: Essa troca de farpas entre a mídia tradicional e MN sobre financiamento e independência no jornalismo é uma tremenda besteira. Se o veículo quer ser imparcial, ele é independente de quem paga. Lembro a extinta revista PC Linux, que por diversas vezes teve a Microsoft como propaganda, em nenhum momento teve mudança na postura das matérias publicadas. Ética não depende da origem do dinheiro e sim de quem o recebe.

Há formas de não depender de apenas grandes empresas para fechar as contas (afinal são jornalistas, não escravos, tem família, conta para pagar, etc) como assinaturas com preços baixos ou até mesmo o assinante escolhendo o valor do pagamento de uma anuidade. O financiamento público também é uma possibilidade, desde que tenha prestação de contas exemplar, a venda de matérias para outros veículos, como a Reuters e a Associated Media Press (AP), entre outras, praticam, crowdfunding de matérias e outras formas. Basta criatividade e bom senso.

Transparência: Ser independente exige transparência, principalmente para quem cobra dos outros ética e transparência. Ou seja, deve ser divulgado TODA movimentação financeira, com dinheiro real ou fictício (falarei mais para frente).

Moedas Fictícias: Apesar da explicação do Pablo Capilé, na qual não consegui entender nada, e dos inúmeros problemas demonstrados por vários sobre o Cubo Cards, achei a idéia, depois de entender lendo por alguém que conseguiu explicar direito, bem interessante. Se você tem uma rede multidiciplinar e num primeiro momento não consegue receber dinheiro de fato, uma moeda fictícia pode funcionar bem, caso:

  • Seja indexada com o dinheiro corrente: Para que o utilizante possa cobrar/trocar o serviço pelo valor que ele vale de verdade.
  • Que ela possa ser convertida para dinheiro em algum momento.
  • Haja oferta e procura de serviços. Se houver só jornalistas, não há interesse de uso da moeda, agora se há fotógrafos, designers, publicitários e existe a necessidade de produtos entre eles é bem viável.

Lembro que milhas, a grosso modo, é uma moeda fictícia e ela funciona (e bem) por ter esses três pontos indicados acima (no terceiro é a utilização de cartão de crédito, compra em empresas parceiras com o objetivo de juntas milhas, etc). O problema não é a moeda, é a implementação da moeda.

Valorização da produção: Quem trabalha quer ter seu trabalho reconhecido, sendo assim nada mais justo do que ter crédito nos trabalhos realizados.

Identidade jurídica única: Para um grupo ser sério tem que ter um CNPJ, alguém ou uma liderança que se responsabilize pela condução financeira do grupo.

Acho que se for seguido esses parâmetros é possível que um grupo de jornalistas consigam ser independentes, ganhar dinheiro e ter um nicho de mercado para trabalharem. O que a Mídia Ninja faz não vai substituir o jornalismo tradicional que conhecemos e não pode ser encarado desta forma.  O aproveitamento das qualidades dos modelos (tradicional, online, streaming, etc) com o tipo de cobertura a ser feita é a saída para um jornalismo de qualidade e principalmente uma grande quantidade de grupos realizando esse tipo de trabalho, afinal, mais grupos são mais pontos de vista e a principal análise de um material jornalístico não é feita por quem faz e sim por quem lê, ou seja, o leitor é fundamental na busca por diferentes pontos de vista sobre um fato para ele ter o seu ponto de vista.